Se tem uma queixa que escuto com frequência no consultório, especialmente entre mulheres, é essa sensação constante de exaustão, de sobrecarga, de estar sempre à beira de um colapso — físico, emocional, mental. Chamamos isso de burnout, e ele não é mais exclusividade de ambientes de trabalho altamente estressantes. Hoje, ele invade as casas, os casamentos, as relações maternas, os estudos. E atinge as mulheres de forma desproporcional.
Por isso, esquematizei um jeito simples de conversar sobre prevenção ao burnout feminino com minhas pacientes: um plano que segue uma contagem regressiva. Um lembrete afetivo de que, antes que tudo exploda, é possível voltar para si mesma. Vamos lá?
Sono é tratamento. Dormir menos do que se precisa fragiliza o corpo, a imunidade, a memória, o humor. Mulher cansada não precisa de mais força, precisa dormir. Coloque o sono como prioridade, ainda que isso signifique desapontar algumas expectativas externas.
Pode ser passar o dia maquiada ou um creme no rosto ou um perfume que você ama. O que importa aqui é marcar o corpo com cuidado — não para o outro, mas para si mesma. Esse gesto comunica para o cérebro: “eu importo”. O autocuidado não é fútil, é um antídoto cotidiano contra o abandono de si.
Ter um espaço seguro e profissional para falar sobre o que te atravessa é ferramenta de saúde mental. Mulheres que escutam a todas, que acolhem todos ao redor, também merecem ser escutadas. A terapia é lugar de reencontro, não de julgamento.
Não precisa ser academia, musculação ou corrida. Pode ser uma dança, uma caminhada, uma aula de pilates. O corpo em movimento ajuda a processar emoções, regula o humor, melhora o sono e dá clareza mental. Mexer o corpo é movimentar a vida.
Quantas vezes você se deu conta de que almoçou de pé ou nem tomou café da manhã? Comer bem é um gesto básico de dignidade consigo. Alimentar-se com atenção e regularidade também ajuda a prevenir oscilações de humor, irritabilidade e fadiga mental.
Nenhuma mulher deveria enfrentar a vida sozinha. Quem são suas duas pessoas com quem você pode contar de verdade? Que podem ouvir seu choro sem pressa, ou te buscar num dia difícil? Não tenha vergonha de precisar de gente. Ter rede é sinônimo de saúde.
Só uma atividade. Uma única. Que te lembre que você é mais do que função, mais do que produtividade. Ler, costurar, pintar, cozinhar sem obrigação, assistir a uma série só por prazer ou até mesmo tirar um tempo semanal para cuidar de sua espiritualidade/religiosidade.
Este momento é para resgate da identidade, um lembrete de que viver também pode ser leve.
Esse 7-6-5-4-3-2-1 não é uma lista para te pressionar, é um convite para observar onde estão os vazios. O burnout feminino não é apenas cansaço. É um grito silencioso de quem se esqueceu por último na lista de prioridades. E talvez esse texto seja o lembrete que faltava: você pode começar a voltar-se para si.
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