A gravidez pode ser uma fase desafiadora, especialmente quando sentimentos de ansiedade começam a tomar conta do dia a dia. Muitas gestantes passam por períodos de preocupações naturais, mas quando a ansiedade se torna excessiva e não é tratada, os impactos podem ser profundos tanto para a mãe quanto para o bebê. Temos também os casos em que a gestante já era previamente ansiosa de modo grave e os sintomas continuam a ocorrer na gestação.
Além de afetar o estado mental, a ansiedade descontrolada pode influenciar a saúde física e o desenvolvimento do feto, e até interferir no vínculo que a mãe formará com o bebê após o nascimento.
Quando uma gestante vive com ansiedade não controlada, não são apenas seus pensamentos que ficam sobrecarregados. A ansiedade pode desencadear uma série de complicações físicas, como ganho excessivo de peso, que por sua vez pode aumentar o risco de diabetes gestacional. As flutuações nos níveis de glicemia e a dificuldade no controle da pressão arterial também estão diretamente relacionadas ao estresse crônico. O corpo, sobrecarregado pelos hormônios do estresse, como o cortisol, pode ficar em estado constante de alerta, o que se manifesta em tensões musculares, irritabilidade, dores de cabeça frequentes, insônia e cansaço extremo. Tudo isso afeta a experiência da gravidez e a capacidade de a mãe se preparar para o parto e para os desafios que vêm depois dele.
Os impactos da ansiedade materna não se limitam à saúde da mãe. Quando a ansiedade não é diagnosticada e tratada, o bebê também pode ser afetado. Estudos mostram que altos níveis de cortisol na gestante podem atravessar a placenta e influenciar o desenvolvimento do feto, aumentando os riscos de baixo peso ao nascer, partos prematuros e até dificuldades de desenvolvimento neurológico. O útero, que deveria ser um ambiente seguro e acolhedor, acaba sendo influenciado pelos desequilíbrios hormonais causados pelo estresse excessivo.
A relação que a mãe forma com o bebê começa muito antes do nascimento. Quando a ansiedade domina a gestação, há um risco maior de a mãe desenvolver depressão pós-parto, o que pode interferir no vínculo afetivo com o recém-nascido. Sentir-se desconectada do bebê ou incapaz de cuidar dele adequadamente pode causar sentimentos de culpa e inadequação, criando um ciclo prejudicial tanto para a mãe quanto para o bebê. A falta desse vínculo seguro, essencial para o desenvolvimento emocional do bebê, pode gerar problemas a longo prazo, como dificuldades no comportamento e no relacionamento com outras pessoas.
Identificar e tratar a ansiedade durante a gravidez é essencial para a saúde da mãe e do bebê. O acompanhamento com psiquiatras e psicoterapeutas especializados em saúde perinatal pode ajudar a gestante a lidar com suas emoções e reduzir os efeitos da ansiedade. Esse cuidado, muitas vezes combinado com práticas de autocuidado, como exercícios leves, meditação e uma alimentação equilibrada, pode prevenir complicações graves. A ansiedade não precisa ser enfrentada sozinha — o apoio médico e psicológico é fundamental.
Se você ou alguém que conhece está passando por esse tipo de ansiedade, busque ajuda. Lembre-se de que é possível ter uma gravidez saudável e equilibrada, com o suporte certo e o cuidado com a saúde mental.