Comer demais é sempre parte de um Transtorno?

Entenda a diferença entre o comer compulsivo periódico, a compulsão subjetiva e o transtorno compulsivo alimentar​

Quantas vezes você, mulher, já se sentiu culpada por ter comido mais do que gostaria? Quantas vezes você impôs a si mesma que precisa se controlar, que precisa compensar amanhã…?

A sociedade impõe padrões estéticos inatingíveis, julga nossas escolhas alimentares e, ao mesmo tempo, exige que demos conta de múltiplas funções: trabalho, filhos, casa, vida social… Nesse cenário, não é raro que a comida se torne refúgio, alívio ou, às vezes, um problema. Mas será que todo episódio de alimentação exagerada significa um transtorno alimentar? Ou será que existem diferentes formas de comer além da conta?

Hoje, quero te ajudar a entender as diferenças entre o comer compulsivo ocasional, a compulsão subjetiva e o Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA).

1. O que é o Comer Compulsivo Ocasional/Periódico?

Quem nunca comeu a mais em uma festa, num jantar especial ou naquele dia de TPM intensa (aqui falo mais sobre TPM), quando parece que o mundo vai acabar se não houver chocolate por perto? 

Isso é normal. O organismo feminino sofre influências hormonais que alteram, mensalmente, o apetite e a preferência por determinados alimentos ao longo do ciclo menstrual e, principalmente, no pós-parto, quando ocorrem mudanças bruscas de estrogênio, progesterona e serotonina.

O comer compulsivo ocasional acontece quando você come mais do que o habitual, mas sem perda de controle frequente e sem grande sofrimento emocional depois. Ele pode ocorrer em períodos de estresse ou até como uma resposta à privação alimentar excessiva. No entanto, ele não define um transtorno alimentar por si só.

É importante que as mulheres tenham mais autocompaixão quando um comer a mais ocorre. Talvez aquela refeição fosse a única forma de suprir uma necessidade fisiológica ou de prazer de seu corpo.

2. Compulsão Alimentar Subjetiva: Quando a Culpa é Maior que o “prato”

Agora, imagine que você comeu um pedaço de bolo e, em seguida, um biscoito e mais um punhado de castanhas. Não foi um exagero significativo, mas você sente que “perdeu o controle” e começa a se culpar intensamente.

A compulsão alimentar subjetiva acontece quando a pessoa tem a percepção de que comeu demais, sente culpa e angústia, mas objetivamente a quantidade ingerida não foi tão grande. É muito comum em mulheres insatisfeitas com seu peso ou que vivem sob dietas restritivas, e que associam pequenos “deslizes” a um fracasso total.

E qual o perigo disso? Esse tipo de pensamento rígido pode levar ao ciclo da restrição e da compulsão: a pessoa come algo que julga inadequado, sente culpa, restringe mais a alimentação, e, depois, volta a comer em maior quantidade, gerando mais culpa.

A cultura da dieta e a pressão estética agravam esse quadro. Mulheres são ensinadas a serem “disciplinadas” com a comida e a sentirem vergonha do próprio corpo. Esse ciclo pode fazer com que a relação com a alimentação se torne cheia de ansiedade e culpa, mesmo sem um diagnóstico formal de Transtorno de Compulsão Alimentar.

Um adendo, é esse tipo de relação “tóxica” com a comida e o corpo que eu mais frequentemente encontro no consultório. 

3. Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA): Quando a comida domina os pensamentos e a rotina

 

O Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) vai além do comer além da conta ou da culpa passageira. Ele tem critérios bem definidos pelo DSM-5 e se caracteriza por:

 

✅ Episódios frequentes de grande ingestão de comida em um curto período, acompanhados de sensação de perda total de controle.
✅ Comer muito rápido, até sentir desconforto físico, muitas vezes sem fome real.
✅ Comer escondido por vergonha da quantidade ingerida.
✅ Sentir culpa intensa, angústia ou até depressão depois do episódio.
✅ Os episódios ocorrem pelo menos 1 vez por semana nos últimos 3 meses.

 

Diferente da bulimia, quem tem TCA não adota comportamentos compensatórios como vômito, laxantes ou jejuns extremos. No entanto, as consequências emocionais são devastadoras.

 

📌 O impacto na saúde mental e física

  • Muitas mulheres com TCA vivem em constante luta contra o próprio corpo e oscilam entre dietas extremas e episódios de compulsão.
  • O transtorno está diretamente associado à ansiedade, depressão e baixa autoestima.
  • Pode levar a ganho de peso, resistência à insulina e problemas metabólicos, o que aumenta ainda mais o sofrimento psicológico.
  • O pós-parto é um período de risco para o desenvolvimento do TCA, pois a privação de sono, as oscilações hormonais e as mudanças corporais podem desencadear episódios compulsivos.

Mas e agora? Como sair desse ciclo?

Se você se identificou com algum desses padrões, quero te lembrar de algo muito importante: não é falta de força de vontade. Não é fracasso pessoal. Comer emocionalmente ou até compulsivamente não faz de você uma mulher sem controle.

A boa notícia é que há tratamento!
A compulsão alimentar – seja ocasional, subjetiva ou um transtorno estabelecido – pode e deve ser tratada com acompanhamento profissional multidisciplinar.

 ✔️ Psicoterapia (a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental – por exemplo): ajuda a ressignificar sua relação com a comida e trabalhar pensamentos rígidos.
✔️ Psiquiatria: em alguns casos, a medicação pode ser necessária para ajudar no controle da compulsão, na regulação emocional ou para tratar uma condição psiquiátrica subjacente.
✔️ Nutrição comportamental: uma terapia nutricional direcionada e um plano alimentar flexível e sem dietas restritivas podem prevenir compulsões futuras.

Você não está sozinha. Busque ajuda!

Se você sente que sua relação com a comida tem te causado sofrimento, saiba que há caminhos para mudar isso. Se libertar do ciclo de culpa e compulsão não significa “controlar melhor a comida”, mas sim resgatar o prazer de comer sem ansiedade e sem medo.

Se esse texto fez sentido para você, compartilhe com alguém que possa precisar dessa informação. E se sentir que precisa de apoio, procure um psiquiatra, nutricionista ou terapeuta especializado. Cuidar da sua saúde mental é um ato de amor próprio. 💙

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