Gravidez Psicológica: evento raro e pouco falado

A gravidez é um momento de grandes mudanças físicas e emocionais e existe uma lista de sinais e sintomas gestacionais que já estão no senso comum. Como exemplo, se uma amiga sua está nauseada pela manhã e um pouco tonta, você logo pergunta “será que você está grávida?”. Mas e quando o corpo dá sinais de uma gestação e, na realidade, não existe bebê? A chamada gravidez psicológica, ou pseudociese, é um fenômeno real, que pode trazer grande sofrimento para a mulher e está profundamente ligado à saúde mental. Dias atrás postei aqui no blog sobre gestação silenciosa, e não necessariamente gravidez psicológica e silenciosa são opostas entre si, elas na verdade compartilham alguns dos fatores de risco. Mas vamos lá!

Se você já ouviu falar sobre esse quadro ou conhece alguém que passou por isso, continue a leitura para entender como a mente pode “enganar” o corpo e por que é tão importante buscar ajuda psiquiátrica e psicológica nesses casos.

O que é a Gravidez Psicológica?

A gravidez psicológica ocorre quando a mulher acredita estar grávida e manifesta sintomas reais de gestação, mas, na verdade, não há um feto em desenvolvimento (não estamos falando de gravidez anembrionária ou molar aqui, ok?). O corpo responde a esse falso estado gestacional, podendo causar:

🔹 Ausência de menstruação
🔹 Aumento da barriga
🔹 Náuseas e enjoos
🔹 Sensação de movimentos fetais
🔹 Alterações hormonais semelhantes às da gravidez

Isso acontece porque o cérebro envia sinais ao corpo, desencadeando mudanças hormonais que imitam uma gestação verdadeira. Se resumi demais, explico melhor agora: durante a pseudociese, a forte crença na gravidez faz com que o eixo hipotálamo-hipófise-ovário, responsável pela regulação hormonal reprodutiva, sofra uma desregulação significativa. Tudo isso porque o sistema límbico, que processa emoções e desejos intensos, pode influenciar o hipotálamo, levando a uma produção inadequada de hormônios gonadotróficos (LH e FSH). Essa alteração impacta os ovários, resultando em pausa na ovulação e aumento da prolactina, hormônio que pode suprimir a menstruação e até estimular o crescimento das mamas. Além disso, os níveis de estrogênio e progesterona podem ser suficientemente alterados a ponto de provocar sintomas físicos típicos da gestação, como aumento do volume abdominal e retenção de líquidos. Esse desequilíbrio hormonal reflete a forte conexão entre mente e corpo, mostrando como o estado emocional pode impactar profundamente os processos fisiológicos.

Mas o que pode estar por trás de tudo isso?

O Papel da Saúde Mental na Gravidez Psicológica

A pseudociese não é uma escolha consciente da mulher. Ela pode estar associada a estados emocionais ou a transtornos mentais que impactam a percepção do próprio corpo. Entre os fatores que podem levar ao quadro, destacam-se:

Desejo intenso de engravidar: Algumas mulheres que sonham muito com a maternidade, especialmente após tentativas frustradas de concepção, podem desenvolver a gravidez psicológica.

Medo ou rejeição da gravidez: Paradoxalmente, mulheres que têm pavor de engravidar (por questões emocionais, traumas ou medo de responsabilidades) também podem apresentar o quadro.

Histórico de transtornos psiquiátricos: Depressão, ansiedade grave, transtornos psicóticos ou traumas emocionais podem aumentar o risco de pseudociese.

Luto materno: Mulheres que perderam um bebê (por aborto espontâneo, morte neonatal ou parto traumático) podem desenvolver sintomas de gravidez psicológica como forma de lidar com a dor da perda.

Fatores socioculturais: Em algumas culturas e contextos, a pressão para engravidar pode ser tão intensa que o próprio corpo responde a essa expectativa com sintomas físicos.

O Impacto da Pseudociese na Saúde Mental

Adiante, a descoberta de que a gravidez não é real pode causar grande sofrimento emocional. Muitas mulheres que vivenciam a gravidez psicológica experimentam:

 🔻 Tristeza intensa e frustração
🔻 Sensação de vergonha ou descrença
🔻 Isolamento social
🔻 Episódios depressivos ou ansiosos
🔻 Sentimentos de luto, como se realmente tivessem perdido um bebê

Por isso, o acolhimento e o acompanhamento psiquiátrico e psicológico são fundamentais para evitar que a pseudociese leve a quadros mais graves.

“Ah, mas nas novelas muita gravidez é simulada, na vida real não?”

A pseudociese em si é um fenômeno involuntário, mas em alguns casos pode ocorrer a simulação de uma gravidez. Isso pode acontecer por diversos motivos, incluindo ganho secundário (como benefícios sociais, atenção da família ou parceiro), manipulação emocional ou pode ser parte do sintoma de transtornos psiquiátricos mais complexos, como o transtorno factício.

Nesses casos, a mulher pode alegar estar grávida sem necessariamente apresentar sintomas físicos compatíveis. A simulação de uma gestação exige uma avaliação psiquiátrica cuidadosa, pois pode estar associada a condições como transtorno de personalidade ou quadros psicóticos.

Independentemente da causa, seja a gravidez psicológica genuína ou uma simulação consciente, o sofrimento emocional por trás desse comportamento precisa ser tratado com respeito e suporte especializado.

Gravidez Psicológica e Gravidez Silenciosa são polos opostos?

Se por um lado há mulheres que vivenciam os sintomas da gestação sem estarem grávidas, há também aquelas que passam por uma gravidez silenciosa, ou seja, uma gestação real que passa despercebida por meses. Você pode ler o blog completo sobre o tema neste link.

Na gravidez silenciosa, a mulher pode continuar menstruando, não apresentar aumento significativo do abdômen e não perceber os movimentos fetais, só descobrindo a gestação em um estágio avançado ou até no momento do parto. Esse fenômeno pode ocorrer por diversos motivos, como ciclos menstruais irregulares, baixa percepção corporal ou até fatores psicológicos que fazem com que a mulher não reconheça ou negue a gravidez. Alguns dos fatores de risco são parecidos, e a forma como os estados emocionais interferem num ou noutro caso é muito similar, mostrando que o binômio mente e corpo é muito complexo. Em ambas as situações – seja na pseudociese ou na gravidez silenciosa – a relação entre mente e corpo desempenha um papel central na produção ou ocultação dos sintomas, reforçando a importância do autocuidado feminino e do acompanhamento psiquiátrico e psicológico para garantir o bem-estar da mulher.

Como ajudar e quando buscar ajuda profissional?

Se você ou alguém próximo está passando por uma gravidez psicológica, o mais importante é acolher sem julgamento. Muitas mulheres sentem vergonha e medo de buscar ajuda, mas esse é um momento que exige cuidado especializado.

Acompanhamento psiquiátrico: Identificar e tratar possíveis transtornos psiquiátricos subjacentes, que produziram, contribuíram ou surgiram após a pseudociese.

Psicoterapia:

 Ajuda a trabalhar os gatilhos emocionais que levaram à pseudociese, além de facilitar a aceitação do estado não gravídico.

Em casos de desejo intenso de engravidar, é possível trabalhar esse processo de forma saudável.

Para mulheres que têm medo da maternidade, a terapia pode ajudar a compreender e enfrentar essas emoções.

Se houver traumas ou luto envolvido, um suporte psicológico adequado pode fazer toda a diferença.

Acompanhamento médico: O ginecologista pode confirmar a ausência de gravidez e monitorar as alterações hormonais.

Cuide de sua saúde mental

A gravidez psicológica nos mostra como a mente e o corpo estão profundamente conectados. O sofrimento emocional pode se manifestar fisicamente, e ignorar esse sofrimento pode levar a desdobramentos ainda mais complexos.

Se você percebe que está passando por dificuldades emocionais relacionadas à maternidade ou conhece alguém que pode estar vivenciando esse quadro, não hesite em buscar ajuda. O acompanhamento adequado pode trazer alívio e qualidade de vida para seguir em frente com mais equilíbrio e bem-estar. 💙

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