A Saúde mental, por si só, é um tema extremamente importante. E não podemos fingir que não há diferenças entre homens e mulheres no que tange ao bem estar psíquico. A saúde mental da mulher é um tema que merece atenção especial por vários fatores hormonais e socioculturais, especialmente em fases como a gravidez e o pós-parto. Conhecer os conceitos básicos e entender a importância de cuidar do bem-estar emocional deixou de ser algo opcional para nós mulheres. Este artigo vai ajudá-la a se entender melhor e a saber quando buscar ajuda profissional. Vamos lá!
A boa saúde mental da mulher envolve muito mais do que apenas a ausência de transtornos psicológicos. Ela está ligada ao bem-estar emocional, à capacidade de lidar com os desafios do dia a dia, a viver plenamente, e à manutenção de relações saudáveis. Que nós estaremos diante de desafios, estresses e traumas recorrentes, não há dúvidas, então cuidar da saúde mental e prevenir adoecimentos é fundamental para que possamos aproveitar ao máximo todas as etapas de nossas vidas, desde a juventude até a maternidade e além.
Manter uma boa saúde mental não só melhora a sua qualidade de vida, mas também fortalece os seus vínculos familiares, auxilia no desenvolvimento de uma rede de apoio sólida, além de servir como espelho para outras mulheres.
A parcela feminina da população, resguardadas algumas exceções, esteve mais suscetível a abusos de diversos tipos (psicológicos, físicos, sexuais, financeiros), além de negligências de suas necessidades (afetivas, parentais etc) durante as fases da infância e adolescência. Não é infrequnte que a mulher adoecida de hoje seja aquela que nos conta ter vivido uma infinidade de “maldades” ao longo da vida. Não há que se crer que sejam apenas coincidências, não é? Além das violências que nos referem ter vivido, muitas são reapresentadas a violências no momento presente. Outro fator de risco potente para adoecimentos na vida adulta da mulher é a maternidade solo, a sobrecarga de papeis (mãe, esposa, dona de casa, trabalhadora, cuidadora dos pais/sogros) e a vulnerabilidade socioeconômica.
Somente estes já seriam motivos suficientes de eu desejar direcionar minha atenção ao público feminino, mas ainda há outros. As mulheres passam por condições fisiológicas específicas (aquelas que os homens não passam) que podem ser causa de adoecimento mental. Desde a primeira menstruação, a menina pode estar suscetível a desenvolver o transtorno disfórico pré menstrual, reconhecido mundialmente como causa de disfuncionalidade temporária da mulher; adiante, o blues puerperal pode levar a grande susto até 70% das mulheres no pós parto; a depressão intragestacional e depressão pós parto podem acometer intensamente uma pequena parcela de mães, e gerar muito sofrimento e culpa; não bastasse isso, nos anos que circundam a última menstruação (perimenopausa), nova susceptibilidade a sintomas depressivos se dá.
Além de políticas públicas voltadas para a proteção e cuidado à mulher, além da psicoeducação para as novas gerações sobre como evitar as recorrrentes violências contra a mulher, nós, em nossos lares e de modo individual, também podemos adotar medidas preventivs ao adoecimento mental. São as medidas de Autocuidado na Saúde Mental da Mulher. O autocuidado é uma prática essencial para manter a saúde mental em dia. Pode envolver pequenas ações diárias que promovam relaxamento e bem-estar, como:
Essas práticas ajudam a criar um espaço de autocuidado e refletem diretamente na melhora do bem-estar emocional. Porém, se o adoecimento já está instalado, essas medidas podem não ser suficientes. Então, quando procurar ajuda profissional? Nem sempre é fácil reconhecer quando é hora de buscar ajuda profissional. No entanto, existem alguns sinais que indicam que a orientação de um psiquiatra especializado pode ser necessária:
Bom, concluindo, a psiquiatria da mulher e da perinatalidade não é apenas o estudo do remédio que pode ou não pode ser tomado por uma mulher, mas sim um olhar diferenciado e atento às necessidades gerais e individuais desse público (entenda sobre a trilogia dos distúrbios da psiquiatria perinatal). A visita ao psiquiatra num contexto de sofrimento intenso é uma forma de auto-amor e autocuidado. Assim como tirar tempo para si mesma e para sua saúde mental é um ato de amor próprio, mas também de cuidado com todos ao redor. Compreender os conceitos básicos da saúde mental da mulher e adotar práticas de autocuidado são passos essenciais para viver de forma mais equilibrada. E, acima de tudo, reconhecer quando é hora de buscar ajuda profissional pode trazer mais serenidade e bem-estar à sua vida. Lembre-se: você não está sozinha.